Quantas vezes já chorei sem saber que a vida me fazia um favor

31 Janeiro, 2017

(Última atualização em 30 Abril, 2019)

Quantas vezes já chorei escondido sem saber que a vida me fazia um favor, sem entender que aquilo não era o fim do mundo, mas sim o início de algo melhor. Porque existir é saber recomeçar vez após outra, é fechar uma janela para abrir uma porta enquanto enxugamos as lágrimas por algo ou alguém que nunca as mereceu.

Albert Einstein costumava dizer que se havia uma coisa pela qual ele tinha gratidão era por todas aquelas pessoas que ao longo da sua vida lhe tinham dito “não”. Cada uma das frustrações sofridas por conta daqueles que se negaram a ajudá-lo oportunamente lhe permitiu mais tarde encontrar essa motivação com a qual aprendeu a fazer as coisas por si só. A ser mais forte.

Ninguém sabe o quanto eu já chorei, nem tudo o que essas lágrimas me ensinaram. Atualmente sou o resultado de cada um desses prantos silenciosos que deixei escapar, e não por fraqueza, mas sim por cansaço de ser forte… Há momentos em que simplesmente não aguentamos mais. O stress emocional causado por tantas decepções, fracassos e por cada “não” encontrado no caminho nos obriga a parar. É então quando aparece a impotência e a clara sensação de que perdemos o controle das nossas próprias vidas.

Judith Orloff, psiquiatra e autora do livro “Liberdade emocional, como deixar de ser vítimas das emoções negativas”, diz que o primeiro passo para atingir o equilíbrio interior é o choro. Depois das lágrimas vem a tranquilidade, e na sequência, a clareza. Convidamos-te a refletir sobre isto.

Chorei e aprendi: o sofrimento útil

É muito provável que se tu agora pudesses viajar ao teu próprio passado, sentirias compaixão da tua pessoa vendo-a chorar por motivos que provavelmente nunca valeram a pena. Todas essas lágrimas derramadas por quem nunca mereceu o teu afeto ou por cada instante de angústia por um projeto ou sonho que nunca valeu realmente a pena são agora lembranças permanentes. Sonhos quebrados, mas ao mesmo tempo úteis, que dão forma aos nossos próprios ciclos vitais.

Agora, cabe apontar que ninguém chega a este mundo “já sabendo” de fábrica. As lágrimas são como rituais de passagem que precisamos experimentar à força para continuar crescendo, para saber “quem sim e quem não”, para nos colocarmos à prova e medirmos as nossas próprias forças.

Muitas vezes em psicologia fala-se na expressão “sofrimento inútil”. É um termo que chama a atenção e, acredita se quiseres, aparece mais do que imaginamos. Ele faz referência a esses momentos nos quais, quanto mais somos conscientes da nossa própria dor, mais nos perpetuamos nela.

Exemplos disso podem ser esses relacionamentos amorosos tempestivos, onde em vez de colocar um fim para deixar de esperar o impossível e se libertar da dor, a pessoa cai ainda mais fundo nas suas areias movediças. Mas nem todo o sofrimento é inútil, tudo depende daquilo que as pessoas fazem com ele. O sofrimento pode ser útil, quando permite-nos fazer uma limpeza emocional e aprender com ele; por outro lado, o sofrimento inútil é aquele que jamais dará passagem à mudança, ao crescimento interior.

Após a dor vem a oportunidade

É muito provável que tu tenhas ouvido muitas vezes essa expressão de que “só quem já sofreu pode entender o que é a vida de verdade”. Cabe dizer que isto não é totalmente verdade. A felicidade também ensina, também nos oferece recursos adequados. Agora, a adversidade é aquele cruzamento no caminho pelo qual a maioria de nós terá de passar alguma vez.

Eu também já chorei por cebolas que não valiam a pena, por sonhos que o vento levou e por doces desejos que se tornaram amargos…

Quando nos cruzarmos com o sofrimento, quando experimentarmos a dor em qualquer das suas formas, já não seremos os mesmos. Por isso, é preciso propiciar “um sofrimento útil” do qual falamos anteriormente, esse que nos permite aprender a ser mais hábeis, melhores estrategistas com mentes resilientes e pessoas capazes de ver novas oportunidades. Porque mesmo pensando que a vida nos deu um redondo “não”, às vezes não é mais do que um “espera mais um pouco”.
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Judith Orloff, no livro citado no início do artigo “Liberdade emocional, como deixar de ser vítimas das emoções negativas”, nos ensina que para poder ver as oportunidades em tempos de escuridão é preciso gerar uma paz interior apropriada.

O desabafo emocional é um mecanismo apropriado e libertador para apaziguar a mente e ver as coisas de outro jeito.
Depois de chorarmos por essa decepção, por essa ruptura ou por esse fracasso, é preciso fazer uma mudança. Agora, um erro no qual caímos com frequência é o de esperar que alguma coisa aconteça ao nosso redor para então encontrar uma motivação, um propósito que nos permita continuar a avançar para deixar para trás o acontecido.

Esta não é a abordagem correta. O melhor é “nós mesmos sermos a própria mudança”. Ao contrário de ficar esperando que venha de fora, é preciso induzi-la a partir de dentro. Porque precisamente quando paramos de esperar e reagimos, a própria vida muda.

No fim das contas, é nestes momentos de dificuldade pessoal que descobrimos as fortalezas que temos internamente e tudo o que somos capazes de fazer. Porque mesmo que tu não acredites, somos como o carvalho, que quanto mais o vento sopra, mais forte cresce.