(Última atualização em 1 Novembro, 2016)
Stamatis Moraitis é realmente digno de contar, é razão de notícia e apenas mais uma prova da falibilidade da medicina ocidental, especialmente porque continua a tratar pacientes de forma estandardizada mesmo que cada corpo seja único e reaja de forma diferente mediante os mesmos estímulos, tratamentos e afins.
Não foi um diagnóstico, não foram dois ou sequer três. O senhor Moraitis consultou nove especialistas distintos e a resposta foi a mesma, sofria de um cancro pulmonar e não teria mais de nove meses de vida. Corria o ano de 1976 e Stamatis Moraitis já estava nos 60 anos de idade.
Ferido num braço durante a segunda guerra mundial, conseguiu escapar para a Turquia e rumou aos EUA no Queen Elizabeth para ser tratado. Acabou por ficar pelo estado de Nova Iorque em Port Jefferson, onde existe uma forte comunidade grega, de onde ele próprio é oriundo. Arranjou rapidamente trabalho e mudou-se para a Flórida, casou com uma greco-americana, tiveram três filhos. Então, em 76, após sentir dificuldades respiratórias, consultou o seu médico… e veio o péssimo diagnóstico, replicado por nove outros médicos.
Stamatis pensou em ficar pelos EUA, para permanecer perto dos filhos – já adultos -, sujeitando-se aos agressivos tratamentos, mas a morrer queria ser enterrado perto dos seus antepassados. Então, decidiu retornar a casa, à sua amada ilha de Icaria, sim cujo nome deriva do filho de Dédalo, Ícaro, no sudeste da Grécia, bem perto da Turquia.
Os próprios custos de um funeral nos EUA eram proibitivos e na sua ilha ascendiam a pouco mais de cem euros, na moeda corrente, deixando assim bastante mais das economias para a esposa, Elpiniki. Assim, voltou à Grécia com a esposa e ficou na casa dos seus pais, com umas pequenas vinhas.
Quando os seus amigos de infância souberam do regresso passaram a visitá-lo todas as tardes e passaram horas a conversar. Depois de dias acamado, sob os cuidados da mãe e da esposa, conseguiu levantar-se e subir a colina até à igreja ortodoxa da sua aldeia, recuperando a sua fé.
Os meses, contrariamente ao esperado, deram-lhe forças e, certo dia, resolveu plantar alguns legumes, ainda pouco confiante que os apanharia depois, mas sentia-se confortado pelo sol e pelo ar marítimo.
Meio ano passou e nada aconteceu, apenas se sentia mais forte e começou a tratar da vinha familiar. À noite ia até à taberna local jogar uns dominós e, de repente, tinham passado anos. Stamatis continuava vivo.
A vinha dava-lhe anualmente mais de 1500 litros de vinho e aumentou a casa dos pais para poder receber os seus filhos.
Aos 100 anos, não tem sinais do cancro, continua a cuidar das suas vinhas, aparentemente com a ilha a ter propriedades curativas, motivo de uma investigação da National Geographic Society, em cooperação com algumas universidades, para determinar locais onde as populações são mais idosas, passam o século de vida, determinando Nuoro, nas montanhas da Sardenha, com a maior população masculina centenária, e Okinawa com a maior população feminina. O clima, a dieta alimentar, alguns dos elementos que ajudam a compreender a longevidade, mas ainda há muito por estudar, aprender e apreender sobre cada canto na Terra, mesmo que tantos achem que já tudo se descobriu neste nosso planeta.
Desculpem mas, não acredito.